quarta-feira, 29 de julho de 2015

Já nasce feito


O que é bom já nasce feito
só precisa lapidar,
assim e o galo de briga
a peleja mais antiga,
ha muita gente que diga
que more sem se entregar.

Como e lindo o ritual
na hora de emparelhar,
depois de peso e altura
bota bico, bota poa,
massagem com pinga pura
estão prontos para pelear.

Tabaco foi grande galo
pata branca sem igual,
com postura de monarquia
o anzol era fatal,
tanto na poa gaúcha
ou então na Nacional.

Quando tem procedência
o galo e bonito e forte,
bom de poa, bom de bico
da solta e também rebate,
são essas qualidades

que enriquecem o esporte. 

Morena bonita


Tava tocando um baile
pras banda de vacaria,
conheci uma morena
era tudo que eu queria,
fui obrigado a cantar
pra quela bela guria.

Vejam só como sofre
pra sofrenar o coração,
a vontade é largar tudo
e atracar no salão
mas um bom profissional
cumpre sua obrigação.

Antes de tu ir embora ...

Evitei tocar fandango
na quela bela região,
nunca mais vi a morena
que braqueou meu coração,
daquele baile na serra

só restou recordação.

Amigo Velho


Hoje amigo eu te visito
neste teu rancho abençoado,
vamos viver o presente
e  recordar o passado,
tirar um dedo de prosa
e toma um mate sevado.

hoje tirei um tempo
e vim mata a saudade,
a dias tive pensando
isso e uma barbaridade,
é que o atropelo
vivendo  na  cidade .

vamos dar uma campereado
no campo da mocidade,
e repontar as lembranças
para a angueira da saudade,
enquanto estamos mateando
no calor dessa amizade.

até mais amigo velho
mas prometo voltar,
enquanto la no meu rancho
passo o tempo a recordar,
deito no catre da vida ,
pois só me resta a sonhar.

Opnião formada

    

É cruel matear sozinho
proseando com a solidão,
é alimento para a alma
é conforto para o coração,
no peito que ta tapera
só resta recordação.

Sou o ronco do mate amargo
sou barulho do manjolo,
numa farra  sou alegria
na tristeza sou consolo,
sou faca cortadeira
bem afiada no rebolho

Mate , cachaça e farra
não vão pensar que é vicio,
são costumes que se tem
para acompanhar um Patrício,
tenho opinião formada

e não bato palma em comício. 

Carrasca


Quando me recolho no rancho
deixando a porta encostada,
enfrento  a noite carrasca
que a tempo foi minha aliada,
na esperança que volte
aquela china malvada.

Quando pego a cordeona
não encontro o ré menor,
e nem a velha mazurca
que eu sabia de cór,
me vem a lembrança  dela
a saudade  fica maior.

A china que foi  embora 
não nego é uma gracinha,
um dia virou o arreio
por causa de uma coisinha,
só porque fiz uma farra

com uma antiga vizinha.

Louco de contente


Vamos começar o baile
com muita disposição,
dança patrão dança peão
confirmando a integração,
e nós louco de contente no rincão

Vamos até clarear o dia
xote ,valsa e vaneirão,
todo mundo dançando
cultivando  a  tradição,
e nós loucos de contente no rincão 

E no cartaz que anuncia
tem todo  informação,
pra contrato de festa
ou fandango  de galpão,
e nós louco de contente no rincão 

Mais um baile que termina
cumprimos nossa obrigação, costada,
agradecemos a todos
do fundo do coração,
e nós loucos de contente no rincão

Recado


Toda vez que chego ao peito
o violão meu amigo,
ao pontear  me pergunto
se mereço este castigo,
não ter  a prenda  que amei
vivendo junto comigo.

nas cordas desse violão
saem  notas de saudade,
o ritmo  e tom é triste
igualzito  a falsidade,
de quem  abandonou  a campanha
pra viver la na cidade.

neste fiel companheiro
desde a prima ate o bordão,
mando um recado a ela
através desta canção ,
que nunca mais me procure

porque não lhe darei perdão .

Mando e não sou mandado


Vejo só o que acontece
Quando bate a urucubaca
A dias perdi uma carreira
E lá se foi o revolver e faca
O meu relógio de bolso,
E o que tinha na guaiaca
E mais uma junta de boi
Um terneiro, uma vaca

Assim que cheguei em casa
Tava feita a confusão
O cachorro me avançou
O gato me errou um arranhão
Me pulou sogra e sogro
E a muie dando uma mão
Botei ordem no rancho
Acabei com a anarquia
  
Desde aquele dia em diante
Já notei o resultado
Nunca banquei o valente
Mas não sou assustado
Sempre respeitei os outros
E quero ser respeitado
Porque no rancho que moro

Eu mando e não sou mandado.

Saudade e solidão


Como é mal a tal saudade
Da solidão é parceira,
São balas da mesma arma
Todas duas derradeira,
Como pialo de cucharra
Ou tiro de boleadeira,
Escangaia a vida do peão
Ai ta feita a porqueira.

Meu mate não tem sabor
Como tinha antigamente,
Nada mais ta dando certo
Tudo mudou de repente,
O que é quente sinto frio
O que é frio sinto quente,
Serviço de tudo errado
Nas lidas desde vivente.

Errei um tiro de laço
Na ultima marcação
Caçada e pescaria
Mas sinto mais emoção
Eu que sempre fui ginete
Cai do meu azalão,
Escapou o meu cuiudo
E pego a égua do patrão.

Vou trabalhar noutra estância
Já tomei minha decisão,
Com o antigo capataz
Que deixou esse rincão,
Vou montado no cuiudo
Levo as traias no azalão,
Pois a filha do capataz

É a saudade e a solidão.

Capim novo



Tem gente mordendo a língua
Dizendo que estou acabado,
Mas tenho força nos braços
E o gogó bem afinado,
E tenho bons companheiros
Que estão sempre ao meu lado
Divulgando nossas tradições
Orgulho do nosso estado


Não sou grande nem pequeno,
Não sou bonito nem feio,
Não sou nervoso, sou calmo
Sendo preciso peleio
Gosto de cavalo xucro
É estes que gineteio
Me defendo na catinga
Na gaita faço floreio

Já abri picada a braço
No meio da multidão,
No entrevero da cidade
E na calma do meu rincão,
Pelhei de espada e revolver
De lança e de facão,
Respeito a ideia dos outros
Mas não mudo de opinião.

Mala de garupa pronta
Pra quando deitar o tosso,
Com imponência de monarca
Quero partir bem garboso,
Enquanto espero esse dia
Vou cantando pro meu povo,
Imitando um burro velho

Só comendo capim novo.

Orgulho

Aqui canta um missioneiro
Orgulhoso desde chão
Criando com carne gorda
E revirando de feijão
Bombachita de riscado
E botas de garrão,
Derrubando touro a unha
E dando laço em redomão.

Nasci no fundo de Estância
La mesmo fui criado,
Saltando de madrugada
Assim fui acostumado,
Nunca dei prazer pro sul
De me pegar deitado,
Toco gaita de botão
No violão faço ponteado


Já ganhei muitas carreiras
Com meu parlheiro baio,
Uso a estrada principal
Por não confiar em atalho
Na erro do ferro branco
Sou ligeiro que nem raio,
Já quebrei cabo de relho
Em arcaide e lacaio.

As vezes arrisco a vida
Neste lida de campeiro
Não penso duas vezes
Pra ajudar um companheiro,
Nunca me falta serviço
Sou domador guasqueiro,
E o meu maior orgulho

É ser gaúcho missioneiro.

Fandango macanudo


O salão já esta bem cheio
E o gaiteiro bem contente,
Alegre dando risada
Faceiro mostrando os dentes,
Já vai começar o fandango
E eu sempre estou presente
Um baile bem bagual
E alegria de um vivente.

Vai caprichando gaiteiro
Que hoje é tudo alegria
Faz floreio no teclado
E contra baixaria,
Eu aproveito a noite
Pra repassar as gurias
Rosa, Luiza e Tereza
Depois é a vez da Maria.

Se cumprimenta os amigos
Empanturrado de alegria,
Depois de dança de par
Coma prenda que queria,
Bonita e bem prendada
Dotada de simpatia,
Vai bailando nos braços
No tranco da melodia

Nosso fandango gaúcho
Mesmo com gaita simplória,
Mundialmente reconhecido
Para RG é uma gloria,
E festa bem macanuda
Ta gravando na memoria,
E também ta registrado

Nos anais da nossa historia.

Queimando cartucho



Na capital sou executivo
Na fazenda sou campeiro,
Alto Uruguai sou colono
Nas Missões sou chibeiro
No entreveiro de ferro
Sou touro e não sou terneiro.

Na serra sou vinho puro
Na campanha esquilador
E no literal gaúcho
Sou turista e pescador,
Nos fandangos no Rio Grande,
Sou gaiteiro e cantor.

Sou a canção do boi barroso
E do piazito carreteiro,
Sou churrasco de xibo
Pingando no braseiro,
Sou arroio de água limpa

La no fundo do potreiro.

Realizado


Vivo num ranchito humilde
Cheio de felicidade,
Com a prenda e um piazito
Contente barbaridade,
O alimento sai da terra
Não dependo da cidade,
Desfruto da natureza
Respirando liberdade

Tenho uma junta de boi
Que é uma formosura
Que boto canga e caniz
Ajojo brocho na altura,
E com arado numero oito
Lavro em qualquer fendura,
Ali planto a semente
Que aumenta minha fartura.

Tenho porco no chiqueiro
No terreiro tem galinha
No açude perto do rancho
Eu pesco peixe na linha
Tenho verdura e vontade
vaca de leite é mansinha
e para o moinho levo a muaje
que transformara em farinha

E no domingo tem a missa
na capela do povoado
o padre abençoa a todos
faz um sermão caprichado
encontro com os compadres
e também o afilhado
por isto agradeço a Deus

sou um xirú realizado.

Brasileiro na Pua


Pra se ter cavalo gordo
O principal é o trato
Não bote o olho na panela
Se não comeu a do prato
E nunca vai ser ganso
A ave que nasceu pato,
Não faça conclusão
Antes de saber de fato

Não desfaça do parceiro
Antes de ganhar a carreira,
Só cortando a língua
Cala a a china faladeira
Politica e coisa seria
Mas virou brincadeira
E tem muita gente boa
Tapando o sol com peneira

Vejo muita cola fina
Matando cachorro a grito
E gente com rabo preso
Por cometer delito,
 E um monte de sabido
Estão comendo mosquito
É quando a companhia é má
É melhor viver solito.

O mosquedo ta mudando
Mas o monte continua
E tem gente prometendo
Até um pedaço da lua,
A dívida aumentando
E brasileiro na pua,
O peão dormindo no galpão

E o mendingo na rua.

Musa gaucha



De beleza escultural
Lapidada de simpatia
Olhar brilhante e sereno
Transmitindo alegria
É uma musa gaúcha
Esta formosa guria.

Cabelos radiantes e belos
Com pontas de rebeldia
Lábios carnudos e vermelhos
Pele bronzeada e macia
Sem pintura ou fantasia.

Esta é a musa gaucha
Prenda bonita e faceira
Sem orgulho ou vaidade
No fandango é dançadeira
Mulher que todo gaúcho

Quer ter de companheira.

Bom gaiteiro


O gaiteiro é bom
Sobra sempre destreza do dedo,
A gaita junto ao peito
E um arquivo de segredo,
Vai transmitindo alegria
Até parece um brinquedo,
Conhece o circulo da vida
E a manha do chimarrão
 
A velha gaita corresponde
A execução do gaiteiro
Formando uma dupla perfeita
 Igual cavalo e campeiro
Sempre junto andando
Nenhum chega primeiro,
As vezes se abaguala
Pra abafar um entreveiro

O som que tira o gaiteiro
Numa rancheira bem floreada,
Clareia noite escura
Chega cedo a madrugada
Se assanha o chinaredo
E a alegra a peonada
Num acorde bem cuiudo

Desdes que abrem picada.

O progresso



Eu domava potro xucro
Pra poder andar montado,
E amansava boi bravo
Pra poder lavrar arado,
E com as mãos que semeava
E de foice fazia cortado.

Eu derrubava madeira
Na força do mocotó,

E fraquejava a machado
Pra disfarçar algum nó,
Gamela e  gado
Fazia a facão e a incho.

O pregresso tomou conta 
Se foi a força do homem,
O marginal anda xucro
Não tem ginete que dome,
A pobreza acolherada
Com a miséria e a fome.